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Data de Publicação 21/11/2018 - 17:02 Atualizado em 22/11/2018 - 19:07 3653 visualizações

Acessibilidade no ensino superior: igualdade para que todos possam ter acesso às mesmas oportunidades

Por Emanuelle Tronco Bueno

No início do mês de novembro, a Universidade Federal do Pampa (Unipampa) realizou o 10º Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão (Siepe) em Santana do Livramento e em Rivera, no Uruguai. O evento, além de ser espaço de discussão e debates científicos, também é uma oportunidade anual de reunir os técnico-administrativos, professores e estudantes dos 10 campi da instituição em um único espaço acessível a todos. A inclusão é um dos compromissos da Universidade e com essa preocupação que a acessibilidade foi um dos assuntos priorizados pela Comissão Científica do 10º Siepe. A Assessoria de Comunicação Social (ACS) da Unipampa também produziu o cerimonial inclusivo e notícias de cobertura do evento com acessibilidade.

A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência busca reduzir as barreiras que impedem a autonomia da pessoa com deficiência. Rampas e equipamentos urbanos adaptados, por exemplo, servem para que o cadeirante faça suas atividades de forma independente. A assistente social do Campus Caçapava do Sul, Liara de Souza, relata que quando o Campus recebeu a estudante Jéssica Silveira, que possui deficiência motora,  buscou os recursos necessários para ela ter condições igualitárias de acesso ao ensino superior: “ainda se tem que lutar para conseguir a acessibilidade ideal”, relata.

Parede bege. Janelas com cortinas brancas ao fundo. Computador de mesa. Jovem cadeirante, de jeans e camisa branca.

Segundo Liara, “conseguimos uma cuidadora durante a permanência dela na Universidade e uma cadeira adequada”. Para ir até o 10º Siepe, a instituição disponibilizou um carro para Liara, Jéssica e a cuidadora se deslocarem até Santana do Livramento. Para a estudante Jéssica, é uma alegria poder apresentar sua pesquisa sobre inclusão e ela já planeja retornar na edição de 2019.

Com a discriminação em razão de alguma deficiência, retira-se o direito de ir e vir dos indivíduos e outros direitos básicos, como o direito à educação. Por isso, a intérprete de Libras do Campus Santana do Livramento e integrante da Comissão Científica do 10º Siepe, Mariana Pereira, trabalhou os meses que antecederam ao evento para garantir a equidade a todos: “este ano a gente evoluiu bastante [em comparação com o 9º Siepe], não teve nenhuma ocorrência, ano passado a gente encontrou mais dificuldade, tanto com a equipe de intérpretes quanto com os monitores. O que a gente sente de dificuldade agora é que precisaríamos de mais intérpretes para fazer o evento. Outra dificuldade seria a adaptação do Campus com elevadores, pisos táteis, em infraestrutura”.

Parede bege. Mulher jovem, cabelo castanho, pele branca, veste blusa preta e calça jeans escura.

As inscrições dos participantes do 10º Siepe que solicitaram algum tipo de atendimento especial foram encaminhadas direto para Mariana, que tratava de cada solicitação e providenciava as demandas necessárias. Um dos inscritos foi o estudante do bacharelado interdisciplinar em Ciência e Tecnologia do Campus Itaqui, Lúcio Lopes, que possui deficiência visual. Lúcio conta com o apoio de uma monitora sempre que está na Universidade, a fim de se deslocar, pois a instituição ainda não possui infraestrutura totalmente acessível. Primeira vez que participa do Siepe, o estudante disse que gostou de participar do evento, mas estava nervoso: “com o auxílio da monitora e colegas me senti preparado para apresentar o trabalho que era sobre condições de acessibilidade nos restaurantes universitários”.

Jovem homem sentado, braços cruzados no colo, cabelo castanho, curto, olhos fechados. Camisa polo amarela, calça jeans.

A professora do Campus São Borja, Keli Krause, que possui deficiência auditiva, também participou pela primeira vez do Siepe. Keli demonstrou ficar feliz que “o evento foi organizado com a acessibilidade, dos surdos, dos cegos e cadeirantes. É importante que se perceba na questão da pesquisa e da ciência que é possível a inclusão dos surdos em quaisquer áreas”. A professora foi avaliadora de trabalhos e foi acompanhada de uma intérprete.

Classes de sala de aula, uma pessoa de costas, três pessoas de frente, uma delas gesticulando, com blazer verde água.

A estudante de pedagogia a distância do Polo Quaraí, Manuela Rubim, que possui deficiência auditiva, participou pela segunda vez e planeja apresentar trabalho na próxima edição do evento: “este ano eu me inscrevi também pela questão de ter acessibilidade, mas vim só pra assistir, conhecer, e no ano que vem eu quero apresentar trabalho”.  

Parede bege. Duas mulheres. A primeira, da esquerda para direita, negra, cabelo curto, sorrindo; a segunda mais baixa, branca.

Manuela relata que achou interessante a participação de diversos professores, o que motiva sua participação: “eu achei muito interessante a professora Keli, pois ela foi avaliadora do evento e que ela consegue se comunicar. Também teve a oficina do professor William, professor surdo, que eu amei. Este ano eu vi muitos alunos e professores surdos participando e interagindo no evento".

Fundo colorido com quadro de formatura. À frente, homem calvo, camisa bordô, pele branca, mãos gesticulando.

Para o tradutor e intérprete de Libras do Núcleo de Inclusão e Acessibilidade (Nina) da Unipampa, Fernando de Carvalho, exige-se da pessoa com deficiência a superação de obstáculos, mas a sociedade também precisa superar seus preconceitos para vencer as barreiras da plena participação do cidadão. Isso significa, para Fernando, que a Unipampa está caminhando em busca da igualdade para que todos possam ter as mesmas oportunidades.

    • Parede bege. Janelas com cortinas brancas ao fundo. Computador de mesa. Jovem cadeirante, de jeans e camisa branca.
      A estudante Jéssica Silveira apresentou trabalho sobre acessibilidade no 10º Siepe (Foto: Milene Marchezan)
    • Camionete branca. Cadeira de rodas sob a caçamba.
      Acessibilidade no 10º Siepe
    • Fundo bege. Jovem mulher com blazer verde água, pele branca, cabelo loiro escuro curto.
      A professora Keli Krause foi avaliadora de trabalhos no 10º Siepe
    • Jovem homem sentado, braços cruzados no colo, cabelo castanho, curto, olhos fechados. Camisa polo amarela, calça jeans.
      O estudante Lúcio Lopes apresentou trabalho sobre acessibilidade nos restaurantes universitários no 10º Siepe (Foto: Milene Marchezan)
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