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Data de Publicação 30/05/2016 - 16:24 Atualizado em 20/06/2016 - 07:59 5639 visualizações

Paleontólogos identificam fóssil de 260 milhões de anos em São Gabriel

Fóssil encontrado em São Gabriel por uma equipe do Laboratório de Paleobiologia da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) foi identificado como uma nova espécie de dicinodonte, um grupo de herbívoros relacionados aos mamíferos na árvore da vida, mas que se extinguiram sem deixar descendentes. A descoberta foi feita por cientistas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e do Museum für Naturkunde, da Alemanha.

O dicinodonte foi localizado, em 2010, em rochas da unidade geológica chamada Formação Rio do Rasto, e viveu há 260 milhões de anos no Rio Grande do Sul durante o período Permiano, cerca de 30 milhões de anos antes do surgimento dos primeiros dinossauros. A descoberta contribui com mais uma peça para o entendimento de como era a fauna dos ecossistemas terrestres do Brasil (e da América do Sul) no Permiano, visto que vertebrados fósseis desse período são muito raros no nosso continente.

A nova espécie, identificada a partir de um crânio bastante completo e bem preservado, foi batizada de Rastodon procurvidens. O trabalho foi publicado no periódico científico PLoS ONE, na última quarta-feira, 25.

“O Rastodon pertence a um grupo de animais denominados de dicinodontes. Eles eram os principais herbívoros antes do domínio dos dinossauros, e variavam desde o tamanho de um camundongo ao de um búfalo. Os dicinodontes surgiram no Permiano, e seus fósseis desse período são encontrados principalmente na África do Sul e na Rússia”, explica a professora da Universidade Regional de Blumenau (FURB), Alessandra Boss, que é coautora do estudo e doutoranda da UFRGS.

Segundo os pesquisadores, o mundo habitado pelo Rastodon era bem diferente do atual: a Terra era formada por um único continente, denominado de Pangéia, onde praticamente não existiam barreiras para a dispersão dos animais, facilitando o deslocamento por grandes distâncias.  Por isso, não é de se estranhar que outros dicinodontes aparentados ao Rastodon sejam encontrados em lugares hoje tão distantes do Brasil como a África do Sul, a Rússia ou a China. A descoberta de Rastodon demonstra mais uma vez que as rochas da Formação Rio do Rasto do Sul do Brasil têm o potencial de revelar ainda muitos animais fósseis que faziam parte de um ecossistema terrestre bastante complexo.

Os financiamentos para os estudos provem do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e das bolsas alemãs dos programas Eigene Stelle (Deutsche Forschungsgemeinschaft) e Sofja Kovaleskaja Award.

 

Rastodon procurvidens

O nome do animal, Rastodon, significa “dente do Rio do Rasto” e faz referência justamente à formação geológica em que o fóssil foi encontrado. Já o segundo nome procurvidens refere-se ao seu único par de dentes, os caninos superiores, que são muito curvados. Na verdade, os dentes do Rastodon lembram presas de elefante em miniatura, mas que, ao invés de apontarem para cima, são viradas para baixo. O Rastodon era um animal pequeno, quadrúpede, que não ultrapassaria 50 centímetros de comprimento e cujo peso deveria ficar ao redor de 15 quilos. Entretanto, até o momento não é possível saber se o tamanho reduzido do animal representa a sua condição de filhote ou se ele deveria ser apenas um animal de pequeno porte.

O trabalho completo com o título “A new dicynodont (Therapsida:Anomodontia) from the Permian of Southern Brazil and its implications for Bidentalian origins” pode ser acessado neste link: http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0155000.