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Data de Publicação 06/05/2020 - 16:33 Atualizado em 06/05/2020 - 16:33 918 visualizações

Distanciamento Social: Unipampa realiza ações para ajudar a manter Saúde Mental durante a pandemia

Por Tamíris Centeno Pereira da Rosa

A Universidade Federal do Pampa (Unipampa) realiza no dia 14 de maio, às 14h, o Seminário “Saúde Mental em Tempos de Pandemia” pelo canal do Youtube da instituição. O evento terá três palestras: “Como o nosso cérebro reage a uma pandemia”, com a professora da Unipampa, Pamela Carpes; “Breves definições sobre saúde mental”, ministrada pelo psicólogo da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis e Comunitários (Praec), Ricardo Cartier dos Santos; e “Lidando com a ansiedade durante a pandemia”, com a psicóloga da Praec, Giordana Chaves. O professor da Unipampa, Walker Pincerati, será o moderador da discussão.

A saúde mental durante a pandemia de Covid-19 em todo o mundo é assunto que tem gerado bastante atenção, principalmente pelo momento de restrição e solidão que muitos estão passando, além da ansiedade e preocupação em relação à doença. Por isso, a Unipampa vem realizando uma série de ações com o objetivo de discutir o tema, muitas vezes considerado tabu. A Coordenadoria de Qualidade de Vida do servidor da Pró-reitoria de Gestão de Pessoas (Progepe) lançou um Manual de Cuidado com a Saúde Mental durante o Distanciamento Social, baseado na entrevista feita pela Assessoria de Comunicação Social (ACS) sobre o tema. A Praec divulgou um guia com Cuidados da Saúde Mental em Tempos de Pandemia, disponível no site da Pró-reitoria.

Para também auxiliar no debate sobre o assunto, a ACS conversou com a psicóloga da Progepe, Camila Pérez, e com o psicólogo da Praec, Ricardo Cartier dos Santos. Acompanhe a entrevista:

ACS: A internet e as mídias sociais são armas potentes no enfrentamento ao vírus, já que nos mantêm informados constantemente sobre o tema. Mas a informação em excesso pode trazer malefícios também?

Pérez: Pode trazer malefícios, pois estamos sendo bombardeados com notícias difíceis e infelizmente a tendência é o cenário se agravar aqui no Brasil, com o aparecimento de novos casos e o crescimento da curva de contágio. Diante desse tipo de informação, é natural que a gente se sinta mais ansioso, com medo e até mesmo apresentando alguns sintomas físicos, como coração acelerado, falta de ar e aumento do suor.
Nesse contexto, o recomendável é que a gente leia somente o necessário para saber como agir, busque se informar através de fontes seguras, como o site do Ministério da Saúde, e dedique pouco tempo para acessar essas informações, tirando no máximo 30 minutos do nosso dia para isso.

ACS: Quais as dicas para manter a ansiedade controlada?

Santos: Frente a momentos ansiogênicos podemos apresentar respostas automáticas e/ou voluntárias. Respostas automáticas ocorrem principalmente em forma de pensamentos automáticos – ou que não conseguimos controlar direito – que podem manter o sentimento de ansiedade e nutrir o medo a um nível além do necessário. Respostas voluntárias são ações que escolhemos executar que podem nos bonificar com um aprimoramento nas habilidades no cuidado de si e dos outros, relaxamento psíquico, diminuição dos pensamentos automáticos, da ansiedade e do medo. Assim, é aconselhável que tentemos escolher atividades – pequenas que sejam, que não nos sobrecarreguem o corpo e a mente, incluindo atividades prazerosas – para realizar durante os dias. Executar atividades nos propiciam certa percepção e sensação de controle de circunstâncias; e isto é psiquicamente saudável, sobretudo nesta época.

Dentre as ações voluntárias que podemos escolher executar estão:

- Buscar ter ciência de histórias positivas e de superação de problemas que existem em relação a esta pandemia;

- Ter uma alimentação mais saudável;

- Aprimorar ou cuidar a qualidade do sono;

- Fazer exercícios físicos, praticar ioga ou meditação;

- Ter lazer: assistir filmes, seriados, ler livros e escutar músicas;

- Aprender algo novo, como procurar um curso online;

- Fazer reparos ou arrumações caseiras, como organizar armários, móveis, jardinagem;

- Organizar arquivos eletrônicos como e-mails, fotos, vídeos;

- Procurar contactar com pessoas via web;

- Praticar ou buscar exercer a espiritualidade, se tiver ou se interessar.

Pérez: Uma das dicas é buscar apoio, é importante que a gente consiga se sentir pertencente a uma rede de afetos. Não é porque estamos distantes fisicamente que devemos nos isolar emocionalmente, pelo contrário, precisamos uns dos outros e podemos usar a tecnologia atual para nos aproximar nesse momento.

Existem muitas formas de autocuidado que podemos lançar mão, como meditação, ioga, fazer 30 minutos de exercícios físicos diários, ler, assistir série, entre outros. Mas entendo que o mais importante não é seguir receitas prontas, mas sim diminuir o ritmo e olhar para dentro de si. O que para você faz sentido, ou não, nesse período? Estudar, produzir, descobrir novas habilidades? Ok. Relaxar, descansar, observar o pôr do sol? Ok, também.

O resguardo causado pelo isolamento nos convida à introspecção, então vamos aproveitar para desacelerar, imaginar, sonhar e usar estratégias criativas de conforto emocional. 

Se você não suporta a sua companhia ou a de parentes, precisará buscar formas de ressignificar isso. Todo caos traz consigo uma oportunidade de mudança de olhar sobre a vida. Pode ser que às vezes seja doloroso estar nessa situação, e vai doer, mas acredite, assim como o isolamento, a dor também vai passar. Se estiver muito difícil, procure ajuda psicológica.

ACS: Como estabelecer uma rotina pode ajudar durante o período?

Santos: Para este período é importante que tentemos gerenciar e planejar atividades – sem exageros e que sejam factíveis – para as horas que compõem um dia inteiro. Deste modo, vale a pena separar horários para trabalho, lazer e interação com os outros. Reservar tempo para o autocuidado (exercícios, alimentação saudável, ingestão de líquidos hidratantes, atividades relaxantes). Formular ordem de prioridade para as ações diárias, o que significa ter ciência que pode ser necessário dizer "não" para algumas demandas não urgentes que aparecerem. Caso perceba que não conseguiu cumprir com o planejado para um ou alguns dias, evite uma postura de julgamento severo ou de crítica intensa consigo mesmo, pois, é uma fase de adaptação para todos no mundo. Tente entender os motivos que o impediram de seguir o seu planejamento e busque alternativas que adaptem melhor suas atividades para os dias seguintes. Uma dica: procure também fazer coisas de que gosta em casa, de modo que essas atividades sejam incluídas no seu planejamento diário. Bom seria intercalar uma atividade necessária com outra atividade prazerosa.

ACS: Quem tem crianças em casa e está cumprindo trabalho remoto pode ter dificuldades para conciliar as duas coisas. Como equilibrar os dois no mesmo ambiente nesse momento complicado?

Pérez: É importante conversar com a criança sobre a realidade, numa linguagem que ela compreenda. A partir disso, fazer combinados, contando com a colaboração dela. Por exemplo: “De manhã vamos brincar, depois almoçar, de tarde vamos fazer as tarefas da escola”. Dessa forma, a criança diminuirá a ansiedade, pois já sabe o que esperar do dia. É importante tentar estabelecer uma rotina para os filhos, pode ser que nem seja possível segui-la à risca, mas é necessário tentar.

Mais relevante do que dar conta do lar, do cuidado com os filhos e do trabalho remoto com maestria, é reconhecer que esse período é atípico e que não conseguiremos dar conta como em outros momentos. É fundamental desacelerar e cuidar de si, para poder cuidar dos filhos e não passar para eles mais ansiedade, raiva, medo. O mesmo em relação às crianças, mais do que cobrar produtividade nos temas é preciso respeitar o tempo e o jeito de ser da criança, reconhecer que para ela também está sendo algo novo e que ela não sabe como lidar, por isso é essencial focar no diálogo, no brincar, em deixar a criança com tempo livre para criar e inventar. 

Mais do que nunca, o casal precisará compartilhar a responsabilidade, dividir as tarefas domésticas e o cuidado com os filhos.

E, por fim, se cada um puder ter um espaço reservado para o trabalho remoto, diferente do ambiente em que a criança ficará brincando, melhor.

ACS: Como cuidar para que os cuidados na prevenção do vírus não passem a ser patológicos?

Santos: Ao balizarmos nossas ações dentro dos parâmetros do que os especialistas em epidemias ou órgãos especializados em saúde advertem fazemos tender a aparecer, em nós mesmos, sentimentos de segurança, controle e esperança. Isso é o que se espera quando tomamos os cuidados corretos na prevenção do vírus. Caso aconteça de que, mesmo tomando todos os cuidados necessários aconselhados, venhamos a ter sentimentos intensos de ansiedade, medo, sensação de perda de controle ou que não vamos dar conta das coisas, há e é possível buscar ajuda com profissionais em saúde mental que oferecerão serviços remotamente ou online. Também é importante ajuda para mitigar nossos sofrimentos e que encontremos pessoas próximos a nós (via videoconferência, videochamada, ligação telefônica ou mesmo por texto) que escutem-nos na expressão dos sentimentos; fica-nos também o dever de nos esforçarmos para desenvolver mais em nós a capacidade para escutar e acolher quando alguém nos vem expressar suas angústias.

ACS: Como controlar os medos em relação à doença?

Pérez: A melhor forma é viver o momento presente, buscar não se focar no COVID-19, mas sim em todo o resto que está ao redor. Enxergar nas experiências cotidianas a oportunidade de estar presente, como comer junto com a família ou tomar um banho lento. Não adianta nos focarmos em coisas que não estão ao nosso alcance, do tipo, como vai ser se adquirirmos a doença, se encontrarão a cura para o vírus ou se os outros irão respeitar o isolamento. Precisamos cuidar de nós, agir com responsabilidade e cuidado para prevenção e tentar encontrar prazeres nessa experiência, que não é fácil, mas que com certeza também tem aspectos positivos.

ACS: Como saber se é preciso ajuda profissional e de que forma a obter?

Santos: Um dos indicativos de que é necessário buscar ajuda especializada é quando o sofrimento começa a interferir nos nossos sentimentos, pensamentos, hábitos e rotinas costumeiros, ou mesmo quando está interferindo em nossas relações, quando está afetando aqueles que convivem conosco. É importante que busquemos ajuda quando notamos estes primeiros sinais de mudança. Pois, algumas vezes, o sofrimento pode se tornar tão intenso a ponto de não haver mais motivação para procurar auxílio profissional. Muitas vezes, quem está sofrendo e necessitando ajuda não percebe ou não consegue, por isso é tão importante nos mantermos empáticos e solícitos àqueles que são próximos a nós.

Além disso, é preciso desmistificar o papel do psicólogo, ele não atua somente quando há uma situação de crise, também é possível consultá-lo em busca de desenvolvimento pessoal.

Alguns meios de obter ajuda:

Disque Saúde – ligue 136

Centro de Valorização da Vida (CVV) – ligue 188

Centro de Atendimento à Mulher – ligue 180

Secretarias Municipais de Saúde

Psicólogos que atendem online 

https://e-psi.cfp.org.br/psicologas-cadastradas/

Se for aluno Unipampa:

Contate o NuDE do seu campus

Contate a PRAEC - Diálogos Digitais (saiba sobre)

https://sites.unipampa.edu.br/praec/

https://www.facebook.com/praec.unipampa

Se for servidor:

Contate Comitê de Monitoramento do Coronavírus https://sites.unipampa.edu.br/coronavirus/saude-mental/

    • Saúde Mental em Tempos de Pandemia: dia 14 de maio, às 14h, no Canal do Youtube da Unipampa.
      Saúde Mental em Tempos de Pandemia: dia 14 de maio, às 14h, no Canal do Youtube da Unipampa
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